A utilização
da passionalidade para descrever aquilo que sentimos com propriedade e clareza,
é condição fundamental para atrever-me a dedilhar alguns carinhos literários
nas singelas crônicas que faço semanalmente sobre o universo poético dos
esportes.
Quando o
contexto apresenta-me uma narrativa mais áspera que o comum, recorro à ternura
das palavras, sem deixar de lado a firmeza das minhas convicções, para
apresentar uma leitura adequada e esclarecedora, sobre ao que julgo está errado
ou correto.
Parece
paradoxal escrever peças esportivas, que em sua unanimidade têm o protagonismo
do futebol, e não citar, ou pouco comentar, sobre o futebol maranhense. Poderia
afirma que o faço de caso pensado. Mas, também poderia expor motivos e
convicções. O correto, é que me utilizo das duas vertentes para elaborar os
temários que serão abortados pela “pena encharcada de tinta no papel em
branco”.
Durante todo
o primeiro turno do Campeonato Maranhense Chevrolet Série “A” 2014, mantive-me
em silêncio, buscando o refúgio e perguntando aos “deuses” se teria capacidade
para desenhar um pequeno ensaio sobre a mais importante competição do futebol
maranhense. O oráculo respondeu-me de forma favorável, e quase que me
repassando uma missão, colocou-me esse desafio justamente após as partidas
finais do primeiro turno.
É notório
que o futebol maranhense ainda está imerso em práticas antigas, ainda sobrevive
nos porões dos estádios, fantasmas que relutam em deixar a vida mundana. Aqui,
temos uma fixação pelo inexplicável. O futebol maranhense permanece estático em
relação ao profissionalismo, e prossegue caminhando com letargia em meio aos
pântanos do amadorismo.
Após 95
edições, o Campeonato Maranhense mudou tanto quanto as camisas dos seus
principais times. Sarcasticamente, vou ironizando a inércia do futebol
praticado e gerenciado no Maranhão. Estamos no século XXI, mas convivemos com
artimanhas próprias do início dos tempos. A “malandragem” em nosso futebol
começou a nascer bem antes dos primeiros toques na “pelota”. O pecado nasceu
antes mesmo de ser concebido.
As
esperanças parecem ser concessoras dos poderes da Fênix, e renascem de onde nem
existem mais cinzas. O Campeonato Maranhense Chevrolet Série “A” 2014, coloca
nos textos do regulamento, muito distante da pratica, que novos tempos estão
batendo à porta do nosso maior espetáculo. O “Maranhense” deste ano, segundo a
Federação Maranhense de Futebol (FMF), é para ser o maior de todos os tempos.
Estão envolvidas diretamente nesta competição, duas vagas para a Copa do Brasil
2015, duas vagas para a Copa do Nordeste 2015 e uma para a série D do
Campeonato Brasileiro de Futebol da atual temporada.
Com toda
essa oxigenação era inerente que a competição fosse uma das mais disputadas de
todos os tempos. Não posso aqui ser injusto, e deixar de admitir, que houve
dentro de campo muita entrega dos jogadores, que desempenharam os seus papéis
na defesa dos seus clubes. Entretanto, o “Calcanhar de Aquiles” do futebol
maranhense mais uma vez protagonizou alguns trágicos momentos. Sem comando
algum, observamos uma série de aberrações, acredito eu, vistas apenas no
Maranhão.
Os dois
maiores times do nosso futebol chegaram às finais do primeiro turno com méritos
em relação aos seus adversários. O torcedor creditou mais uma vez confiança em
um futebol que vive constantemente na linha tênue da falência. A conjuntura que
envolvia o clássico entre Sampaio Correa e Moto Clube, era por si, a mola
propulsora que o futebol maranhense buscava para continuar saindo do
ostracismo. No entanto, a “cartolagem” deu mostras significativas que os
fantasmas corruptíveis continuam nos assombrando sem nenhum pudor ou medo de
represálias.
Custa-me
acreditar que faltaram ingressos na segunda partida das finais do primeiro
turno. Faltar ingressos com o estádio vazio é o cumulo do absurdo, que acredito
eu, só podemos ver aqui no Maranhão. Em qualquer outro lugar, por mais atrasado
e irracional que seja, seriam vendidos ingressos que contemplasse a capacidade
do estádio, ou ao menos chegariam perto disso. Um estádio vazio por falta de
ingressos foi a plateia para um jogo que envolvia as duas mais tradicionais
equipes do futebol maranhense. Moto Club e Sampaio Correa, mereciam, pela própria
história dos confrontos, uma plateia digna de grandes espetáculos.
Enquanto o
futebol maranhense vai involuntariamente sendo levado pelos novos tempos, a FMF
e os dirigentes dos clubes teimam em olhar para o século passado. O Maranhão é
o único estado da Federação onde final de campeonato é menos prestigiada que
qualquer outra partida. Mas, essa realidade não é construída pelos torcedores,
os clubes e a FMF assim querem que o futebol permaneça por essas terras.
Agora,
surge-me algumas perguntas: a culpa da falta de patrocínio é mesmo dos
empresários? Não é hora da criação de uma liga independente? Até quando o
torcedor maranhense vai ser desrespeitado? Será que durante o segundo turno do
Campeonato Maranhense Chevrolet Série “A” 2014 ainda irão faltar ingressos com
estádios vazios? Com as respostas o tempo, porque os
dirigentes e a FMF não tem mais poder argumentativo para convencer ninguém.
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