quarta-feira, 12 de março de 2014

O Futebol Maranhense está imerso em seu próprio ostracismo




  
A utilização da passionalidade para descrever aquilo que sentimos com propriedade e clareza, é condição fundamental para atrever-me a dedilhar alguns carinhos literários nas singelas crônicas que faço semanalmente sobre o universo poético dos esportes.
Quando o contexto apresenta-me uma narrativa mais áspera que o comum, recorro à ternura das palavras, sem deixar de lado a firmeza das minhas convicções, para apresentar uma leitura adequada e esclarecedora, sobre ao que julgo está errado ou correto.   
Parece paradoxal escrever peças esportivas, que em sua unanimidade têm o protagonismo do futebol, e não citar, ou pouco comentar, sobre o futebol maranhense. Poderia afirma que o faço de caso pensado. Mas, também poderia expor motivos e convicções. O correto, é que me utilizo das duas vertentes para elaborar os temários que serão abortados pela “pena encharcada de tinta no papel em branco”.
Durante todo o primeiro turno do Campeonato Maranhense Chevrolet Série “A” 2014, mantive-me em silêncio, buscando o refúgio e perguntando aos “deuses” se teria capacidade para desenhar um pequeno ensaio sobre a mais importante competição do futebol maranhense. O oráculo respondeu-me de forma favorável, e quase que me repassando uma missão, colocou-me esse desafio justamente após as partidas finais do primeiro turno.
É notório que o futebol maranhense ainda está imerso em práticas antigas, ainda sobrevive nos porões dos estádios, fantasmas que relutam em deixar a vida mundana. Aqui, temos uma fixação pelo inexplicável. O futebol maranhense permanece estático em relação ao profissionalismo, e prossegue caminhando com letargia em meio aos pântanos do amadorismo.  
Após 95 edições, o Campeonato Maranhense mudou tanto quanto as camisas dos seus principais times. Sarcasticamente, vou ironizando a inércia do futebol praticado e gerenciado no Maranhão. Estamos no século XXI, mas convivemos com artimanhas próprias do início dos tempos. A “malandragem” em nosso futebol começou a nascer bem antes dos primeiros toques na “pelota”. O pecado nasceu antes mesmo de ser concebido.
As esperanças parecem ser concessoras dos poderes da Fênix, e renascem de onde nem existem mais cinzas. O Campeonato Maranhense Chevrolet Série “A” 2014, coloca nos textos do regulamento, muito distante da pratica, que novos tempos estão batendo à porta do nosso maior espetáculo. O “Maranhense” deste ano, segundo a Federação Maranhense de Futebol (FMF), é para ser o maior de todos os tempos. Estão envolvidas diretamente nesta competição, duas vagas para a Copa do Brasil 2015, duas vagas para a Copa do Nordeste 2015 e uma para a série D do Campeonato Brasileiro de Futebol da atual temporada.
Com toda essa oxigenação era inerente que a competição fosse uma das mais disputadas de todos os tempos. Não posso aqui ser injusto, e deixar de admitir, que houve dentro de campo muita entrega dos jogadores, que desempenharam os seus papéis na defesa dos seus clubes. Entretanto, o “Calcanhar de Aquiles” do futebol maranhense mais uma vez protagonizou alguns trágicos momentos. Sem comando algum, observamos uma série de aberrações, acredito eu, vistas apenas no Maranhão.
Os dois maiores times do nosso futebol chegaram às finais do primeiro turno com méritos em relação aos seus adversários. O torcedor creditou mais uma vez confiança em um futebol que vive constantemente na linha tênue da falência. A conjuntura que envolvia o clássico entre Sampaio Correa e Moto Clube, era por si, a mola propulsora que o futebol maranhense buscava para continuar saindo do ostracismo. No entanto, a “cartolagem” deu mostras significativas que os fantasmas corruptíveis continuam nos assombrando sem nenhum pudor ou medo de represálias.
Custa-me acreditar que faltaram ingressos na segunda partida das finais do primeiro turno. Faltar ingressos com o estádio vazio é o cumulo do absurdo, que acredito eu, só podemos ver aqui no Maranhão. Em qualquer outro lugar, por mais atrasado e irracional que seja, seriam vendidos ingressos que contemplasse a capacidade do estádio, ou ao menos chegariam perto disso. Um estádio vazio por falta de ingressos foi a plateia para um jogo que envolvia as duas mais tradicionais equipes do futebol maranhense. Moto Club e Sampaio Correa, mereciam, pela própria história dos confrontos, uma plateia digna de grandes espetáculos.
Enquanto o futebol maranhense vai involuntariamente sendo levado pelos novos tempos, a FMF e os dirigentes dos clubes teimam em olhar para o século passado. O Maranhão é o único estado da Federação onde final de campeonato é menos prestigiada que qualquer outra partida. Mas, essa realidade não é construída pelos torcedores, os clubes e a FMF assim querem que o futebol permaneça por essas terras.
Agora, surge-me algumas perguntas: a culpa da falta de patrocínio é mesmo dos empresários? Não é hora da criação de uma liga independente? Até quando o torcedor maranhense vai ser desrespeitado? Será que durante o segundo turno do Campeonato Maranhense Chevrolet Série “A” 2014 ainda irão faltar ingressos com estádios vazios? Com as respostas o tempo, porque os dirigentes e a FMF não tem mais poder argumentativo para convencer ninguém.

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