quarta-feira, 12 de março de 2014

Adriano “O Imperador”: uma eterna tragédia grega





O povo grego, uma das mais singulares civilizações, deixou um enorme legado que foi absorvido e aprimorado ao longo dos séculos. Muitas civilizações foram edificadas nos alicerces da cultura grega, e muitos sábios foram buscar no néctar da cultura deixada por esse povo, a sapiência para embasar teorias que formam os pilares de grandes teses, que atualmente sustentam os mais diversos campos do saber.   
A tragédia grega expôs uma nova maneira de perceber a sociedade daquela época, e toda essa discussão posta de forma fidedigna e sem máscaras, colocou nos palcos helênicos a arte cênica nua e crua, e iniciou o processo de maturação da escola literária naturalista.
Tal qual uma tragédia grega ou um romance naturalista, assistimos atônitos ao drama de Adriano, “O Imperador”, que parece está fadado a esse destino inexorável, que não mais condiz, com o carinhoso apelido recebido quando desfilava talento na Inter de Milão, time da cidade italiana que foi berço da grande civilização romana e teve em sua política “grandes imperadores” que deixaram seus nomes grifados na história da humanidade.  
Adriano protagoniza a espetacularização de desencontros pessoais e perturbações, que encontram morada no seu mais intimo e longínquo espectro das razões psíquicas de sua conturbada consciência. Não somos especialistas nessas particularidades do nosso (in)consciente, e em dados momentos podemos estar emitindo uma opinião que não encontra fundamentos em nenhuma teoria, ou mesmo, em qualquer achismo do senso comum. Entretanto, é possível perceber perturbações contundentes em uma frágil personalidade que perdeu o prazo para emancipar-se.
Os “imperadores” romanos também tiveram as suas perturbações, como o próprio Júlio César, considerado o maior líder do povo romano, foi um grande feitor de esquisitices e aberrações sexuais, que envolviam orgias e zoofilia. Era uma época em que essas práticas encontravam cumplicidade no seio da sociedade romana, que assistia a todas essas atrocidades com bastante naturalidade.
Em nenhum momento iremos fazer comparações, até mesmo porque os tempos são dispares. Mas, “O Imperador” Adriano, vem sendo figura assídua em casos de escândalos e esquisitices que o tiram cada vez mais das editorias de esportes.
É necessário que Adriano adquira consciência dos atos que destroçam a sua carreira como desportista. As oportunidades de dar a volta por cima estão ficando mais escassas e a ladeira cada vez íngreme. Adriano possivelmente terá outra oportunidade de encantar-nos com o seu futebol, caso o Atlético Paranaense não desista dele, que isso fique claro e reluzente como ouro.
É certo que ficaremos na torcida para que “O Imperador” volte aos palcos do futebol o mais célere possível, pois entendemos que ele terá o discernimento para perceber que tem essa dívida consigo. Cabe ao próprio Adriano, “Dá a Adriano o que é de Adriano”, sem nenhum trocadilho.
Um novo ambiente de trabalho e a proximidade da família é um ponto positivo. Ficar recluso da vida social não será o remédio. Porém,  deixar-se fazer parte da espetacularização da vida através dos prazeres que lhes são apresentados, pode colocar em declínio permanente a carreira de um desportista que é único em suas habilidades e encantou o mundo quando se preocupava apenas em jogar futebol.
O povo brasileiro assiste inquieto e esperançoso aos “Atos” dessa peça teatral da vida. O enredo que começou enaltecendo o romance, também bebeu na fonte da tragédia, e por vários momentos, até nos fez sorrir com as constantes babaquices recheadas de mal humor.
Uma certeza é inquestionável: não queremos que os próximos “Atos” nos aproximem de uma “Tragédia Grega”.

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