A exaltação
da vida é algo que deve estar sempre disposto a brotar dentro da rosa mais
perfeita, que é o coração. Claro, simbolizado como algo que remete de forma
direta aos nossos sentimentos. Cabe-nos fazer uma reflexão sobre o que estamos
fazendo para agradecer a dádiva que nos foi concedida, que é viver. É com essa
indagação, que acabou me inquietando durante toda a semana passada, que vou
aqui dedilhar através de palavras o que penso sobre o (re)nascimento, a
proposta de uma nova oportunidade.
A felicidade
por ter começado esse novo projeto de Esportizar, através de crônicas poéticas,
sobre o universo dos esportes, chegou-me casada com a triste notícia da partida
para outro plano da querida amiga, Nathália Azevedo, também colega de profissão,
que tive a oportunidade de conhecer quando cursávamos Jornalismo. Não poderia
homenageá-la de outra forma, senão, dedicando-lhe essa crônica. Ela simbolizou
de forma épica o prazer em viver, e transmitiu essa necessidade através da
prosa que redigiu em sua caminhada, e das cores que utilizou para pintar o mais
belo quadro da sua coleção: o que expunha a paisagem da sua vida.
Nathália
Azevedo deu lições que o esporte conhece bem, que é a necessidade de
renascimento e perseverança em busca de melhores resultados que diferenciam os
bons dos ruins. Para ser um “atleta de ponta” é necessário ter dedicação, e ela
soube utilizar a sua força para manter-se entre os melhores. Em todas as suas
batalhas ela sempre se saiu vitoriosa, e por ter destacado-se tanto, recebeu a
glorificação da partida para junto do Criador, que recruta os que foram
excepcionais para ajudá-lo a conduzir o complexo universo humano.
Vou aqui
poetizando com alegria, tendo a certeza que a minha amiga está feliz e orgulhosa
pelo enredo que escreveu para o seu “Longa Metragem” (sua história permitiu-lhe
ir dos palcos para as salas de cinema). Na excepcionalidade que foi Nathália
Azevedo, ela nos ensinou que devemos sempre acreditar que o dia de amanhã será
o melhor de nossas vidas; que devemos amar as pessoas com todo o nosso
sentimento fraterno; que temos que ser, acima de tudo, pessoas melhores a cada
situação que a vida possa apresentar-nos.
Querer
mudar, renascer, desfazer-se das escolhas erradas é algo que buscamos
diariamente. E essa inquietação também me trouxe a dedicar essa crônica para os
amigos do Centro de Atenção Psicossocial, localizado no Monte Castelo, e
mantido pela Prefeitura de São Luís. A necessidade de renascimento e a busca
por melhores condições de vida são preponderantes dentro do CAPS, onde tudo
toma uma dimensão ainda mais significativa. As vitórias são mais comemoradas, o
jogo da vida está posto, e os descuidos devem ser evitados. Dentro do CAPS
todos são vitoriosos por reconhecerem para si que são doentes e que necessitam
de ajuda especializada.
O esporte
nos CAPS é trabalhado como atividade terapêutica que busca a reintegração
social. Nas entrelinhas, fomenta os valores embutidos nas vitórias e derrotas
dentro do esporte. Aprende-se a ganhar e principalmente a perder. Na vitória ou
na derrota, devemos observar o que fizemos de bom ou ruim, e após o “jogo
jogado” refletir para que possamos superar as nossas falhas e os medos.
Em visita
aos meus amigos do CAPS acompanhei a partida de futebol, e o renascimento era
visível no semblante de todos. O brilho no olhar de cada homem que estava ali
era impressionante, e a poesia aflorou mais uma vez através do pensamento que
reflete à frase de autor desconhecido que afirma que “os olhos são o espelho da
alma”. Milimetricamente, cada alma estava exposta em olhares que radiavam o
renascimento e a escolha por uma vida digna.
O CAPS
ensinou-me a respeitar as pessoas e amar ao próximo como se tivesse
dimensionando todo o meu amor ao meu próprio ser. Dentro daquela instituição,
aprendi a olhar as pessoas por outro prisma, sem o prévio julgamento, ou até
mesmo desfazendo-me dos estereótipos criados pela hipocrisia da sociedade.
Aprendi que cada pessoa é um universo, e que a vida é pura e simplesmente feita
de escolhas.
Por fim,
ratifico a necessidade da fomentação da prática de esportes, principalmente nas
escolas. Os resultados sociais obtidos através do incentivo à prática esportiva
em locais antes dominados pela violência são reais. A recuperação através do
esporte é simples, requerendo apenas vontade e desejo dos poderes públicos em
oportunizar as condições necessárias para a construção de uma sociedade mais
igualitária e digna.
Ao final de
toda essa crônica, que talvez não seja vista como esportiva, vou mais uma vez
enaltecer a vitoriosa Nathália Azevedo e todos os guerreiros do CAPS.
Entretanto, se esporte é vida, e (re)nascimento significa o seu princípio,
então, utilizar-me desse conjunto de palavras para homenagear essas pessoas
excepcionais não pode ser visto como algo que não nos remeta ao esporte, na sua
mais sincera significação etimológica.
Escrever as páginas da vida é algo complexo e, utilizando-me do pensamento de John Locke, que afirmava que “o homem nasce como se fosse uma ‘folha em branco’”, ratifico que cabe a nós a redação do roteiro teatral da nossa passagem por esse plano. Nossas percepções e valores adquiridos no seio da família são extramente importantes na construção do nosso caráter, nas escolhas feitas na vida, e na condução que damos aos nossos princípios básicos de racionalidade e emoção.
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