quarta-feira, 14 de novembro de 2012

O Enterro de José Dirceu



Por Hildegard Angel

"Neste momento que vive nosso país, uma adaptação do magnífico discurso de Marco Antônio, extraído da peça “Júlio César”, de William Shakespeare.

Amigos, brasileiros, meus compatriotas, escutem-me. Vim para enterrar José Dirceu, não para louvá-lo. O bem que se faz é enterrado junto com os nossos ossos, que seja assim com Dirceu. O nobre ministro Joaquim Barbosa disse a vocês que José Dirceu era ambicioso. E, se é verdade que era, a falta era muito grave, e José Dirceu pagou por ela com a vida, aqui, pelas mãos do Relator e dos demais Ministros do Supremo Tribunal Federal, sem esquecer de citar o nobre Procurador Geral da República. Pois Joaquim Barbosa é um homem honrado, e assim são todos eles, todos homens honrados.

Venho para falar neste emblemático "funeral" de José Dirceu. Ele era meu amigo, fiel e justo comigo. Mas Joaquim Barbosa diz que ele era ambicioso. E o ministro Barbosa é um homem honrado.

José Dirceu arriscou sua juventude, os anos mais vigorosos de sua vida, e dedicou todos os seus sonhos a tentar libertar o Brasil de uma ditadura sanguinária. Isto seria uma atitude indigna e ambiciosa de Dirceu? Quando o povo sofria oprimido, Dirceu se solidarizava. Ora, a ambição torna as pessoas duras e sem compaixão. Entretanto, Barbosa diz que Dirceu era ambicioso. E Barbosa é um homem honrado.

Vocês todos souberam que, travando seu bom combate, por três vezes, Dirceu teve que se despojar de tudo, de seu país, de sua família, de seu rosto e até de renunciar à sua identidade. Passou a se chamar Daniel, teve que mudar o nome para Carlos Henrique. Enfrentou o bisturi do cirurgião, desfigurando a própria face. Escondeu da mulher que amava, mãe de seus filhos, o seu passado, para proteger a família do perigo de saber quem de fato ele era, clandestino que estava em seu próprio país. Em nome de uma ideologia, ousou viver e sobreviver despojado dos mais básicos elementos essenciais à auto-estima de um indivíduo. E se despojou de um ministério poderoso, de um governo que ajudou a eleger, para travar nova luta. Seria este um homem ambicioso? Mas Barbosa diz que ele era ambicioso, e Barbosa, todos sabemos, é um homem honrado.

Eu não falo aqui para discordar do que o digno ministro Barbosa falou. Mas eu tenho que falar daquilo que eu sei. Muitos de vocês, se não amaram Dirceu, pelo menos o admiraram, e tinham razões para isso. Qual a razão que os impede agora de homenageá-lo na morte?

Ontem, a palavra deste homem seria capaz de enfrentar o mundo, agora, está aqui, desmoralizada, morta. E um homem de palavra morta é um homem morto.

Ah! Se eu estivesse mal intencionada, disposta a aliciar os seus corações e mentes à revolta, eu falaria mal de Barbosa e de Marco Aurélio ou de Mendes e de Weber ou de Celso e Lucia e Britto, os quais, como sabem, são homens e mulheres honrados. Não vou falar mal deles. Prefiro falar mal do morto. Prefiro falar mal de mim e de vocês do que destes homens e mulheres honrados.

Mas eis aqui um email de Dirceu! Eu o encontrei em minha caixa de correio. É sua carta-testamento. Quando as pessoas do povo a lerem (porque, perdoem-me, eu não pretendo lê-la), elas se lançarão para beijarem os ferimentos de Dirceu e molhar os lenços no seu sangue.

O quê? Vocês exigem que eu a leia? Tenham paciência, amigos, mas eu não devo fazer isso. Vocês não são de madeira ou de ferro e, sim, humanos. E, sendo humanos, ao ouvir o testamento de Dirceu vão se inflamar, ficarão furiosos. É melhor que vocês não saibam que são os herdeiros de Dirceu! Pois se souberem... o que vai acontecer?
Continuam a insistir? Então vocês vão me obrigar a ler o email-testamento do Zé? Façam então um círculo em volta do corpo e deixem-me mostrar-lhes Dirceu morto, aquele que escreveu este testamento.

Brasileiros. Se vocês têm lágrimas, preparem-se para despejá-las. Vocês todos conhecem este manto. Vejam, foi neste lugar que a sentença do ministro Barbosa penetrou. Através deste outro rasgão, o ministro Fux, tão querido de Dirceu, proferiu o seu voto e, quando ele o concluiu, vejam como o sangue de Dirceu escorreu do ferimento. E oh! Deuses, que golpe brutal para Dirceu, que tanto o admirava! Foi neste momento que seu coração parou. Então eu e vocês e todos nós também tombamos.

Sim, agora vocês choram. Percebo que sentem um pouco de piedade por ele. Boas almas. Choram ao ver o manto de José Dirceu despedaçado.

Bons amigos, queridos amigos, não quero estimular a revolta de vocês. Aqueles que praticaram este ato são sábios e honrados e já apresentaram a vocês as suas ponderações, queixas e razões. Eu não vim para agitar seus corações. Eu não sou uma boa oradora, como o notável ministro Joaquim Barbosa. Sou apenas uma mulher simples e direta, que ama os seus amigos.

Mas já que tanto insistem, revelo enfim o conteúdo da carta-testamento assinada por Dirceu.

Para vocês, ele deixou todos os seus sonhos de um Brasil mais cidadão, com menos desigualdades, um Brasil nacional, dono de seu nariz, e para os herdeiros de vocês e para sempre.

Este era José Dirceu. Quando aparecerá outro como ele?"

terça-feira, 13 de novembro de 2012

A hipocrisia em poucas palavras





Poderia deslizar a pena sobre o papel neste belo dia sobre várias nuanças, que hora, causam-me inquietação mental. Discorreria sobre os mais diversos assuntos sociais, sem perder a propriedade de ser coeso e coerente com relação aos por menores da temática.

Entretanto, a estranha relação vivida na sociedade atual, aperta o meu coração sofrido e já sem esperanças na humanidade. As pessoas acostumaram-se com a hipocrisia reinante no discurso dos incompetentes. É natural ser falso e ridículo ser honesto. Infelizmente, essa é a tônica dos dias atuais. O mundo é um verdadeiro faz de conta.

Um tapinha nas costas e um sorriso meia boca são premissas reinantes na personalidade hipócrita. Hitler sabia que uma mentira repedida várias vezes torna-se verdade, e isso os hipócritas sabem que é real. Essas pessoas usam a irrealidade fantasiosa criada pelas suas perversidades,  e tentam criar um mundo “matrix” para aprisionar as pessoas que constroem a sua escalada.

Assim são os hipócritas, eles usam e abusam de artifícios falaciosos para agregarem ao seu redor pessoas que podem facilmente contribuir para o seu sucesso. Essas pessoas, até mesmo pela hipocrisia reinante, são inevitavelmente arrogantes e mesquinhas. Elas também pagam um preço por tudo que fazem, e é nesse momento que as pessoas sentem-se vingadas. 

Amém ou odeiem os hipócritas. Eu na minha insignificância, vou apenas execrando seres enojadores e dignos das mais profundas náuseas.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Uma pequena dica de leitura



       Gostaria de indicar o blog do grande amigo e excelente jornalista, Nilson Ericeira. Garanto a todos vocês que irão se deleitar com bons textos e um dom indiscutível para a arte da redação. Espero que gostem de todas as viagens que Nilson venha a proporcionar a todos. Boa leitura.

Pós-Eleição em São Luís


Hoje a cidade de São Luís amanheceu de ressaca eleitoral. Aos que apostaram os seus votos em João Castelo, agora (re)nasce a incerteza. Para os que marcharam com Edivaldo Holanda Júnior, o clima é de esperança em relação a uma boa administração petecista.

Uma das análises dessa campanha diz respeito à renovação. Apostou-se no novo que se desenha. João Castelo sucumbiu à sua própria ingerência e arrogância. Caiu em fim, a caricatura mais tosca e boçal dos velhos coronéis filhotes da Ditadura Militar.

São Luís vive a sensação de renovação e esperança em relação a um novo futuro. É necessário que o novo prefeito não decepcione os votos que teve nas urnas. Esse período de transição é muito importante e deve ser trabalhado de forma responsável, por que atos obscuros ainda podem acontecer.

Pessoas que viviam da Prefeitura de São Luís. Diga-se, vários profissionais liberais, agora irão fazer o quê? Pode ser que alguns descubram que há um certo “Holandismo” pairando pela Ilha do Amor. Alguns, irão retornar com toda a sua “humildade” às coberturas jornalísticas da editoria de cidade de algum periódico de São Luís.

São vários os caminhos que estão sendo delimitados. Sinceramente? Esperamos que São Luís possa sair do atraso e que essa eleição possa reascender novamente o sentimento de rebeldia característico da nossa cidade.

Para Edivaldo Holanda Júnior, fica aqui os votos de um bom governo. Ao Sr. João Castelo, fica a celebre frase: Já vai tarde. E um conselho João Castelo: Pegue o próximo VLT em busca do ostracismo.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

A venda de uma profissão



Passei valorosos minutos imaginando que iria escrever hoje no blog. Tantas coisas acontecendo, uma eleição bombástica às portas de ser trágica, ou cômica, depende de como iremos observá-la. Os cenários vão desenhando-se e as ideias começam a saltitar dentro da “cuca” desse mero jornalista. Mas, venho desenhar no papel a prática desmoralizando da venda de homens. Isso mesmo! Venda de homens, ou melhor, venda de jornalistas.

Essa eleição está deixando claro que as “penas dos senhores da mídia no Maranhão”, estão sendo cada vez mais valorizadas. Quem ontem era escritor assíduo e ferrenho da inoperância da Prefeitura de São Luís, hoje, de forma inexplicável, é o maior defensor do governo embusteiro do senhor João Castelo.

Profissionais com esse perfil, acabam manchando um ofício nobre e rebuscado, que muitas vezes se confunde como uma própria obra de arte. Confesso! Fico extremamente incomodado com essa prática, no mínimo execrável de determinados profissionais do jornalismo.

Na verdade, nem é necessário citar nomes, aliás, está exposto na “blogosfera” para quem possuir estômago forte, ou, faça-o por necessidade profissional, como é o caso desse mero jornalista que vos escreve. Covardes? Não acredito que eles sejam, até por que assumem uma postura e são criticados por isso, e em várias vezes vão para o embate e defendem a sua postura veementemente.

   É enojador essa postura, mas fazer o que? Infelizmente, temos que nos deparar com textos ridículos e nauseantes que enchem de excrementos o lixo gratuito da internet. É! Assim é o mundo virtual, os lixos transbordam de todos os lados e as coisas boas ficam esquecidas. Um exemplo? Pessoas perdem horas lendo textos acéfalos criados por jornalistas vendáveis, e não acessam um site recheado de cultura, como é o Domínio Público (http://www.dominiopublico.gov.br). Façam um favor a si, ganhem tempo com o que realmente é válido.

Assim, despeço-me por conta de estar sentindo grandes náuseas ao recordar tais textos lidos na internet nestes sequelados dias.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Não volte nunca mais para mim



É incompreensível a vontade quase inexorável que o meu coração tem em sofrer por um amor que só lhe traz desilusão. Não consigo ausentar-me da sua presença, e por mais que eu fique longe de você, sempre que percebo o seu retorno em acabo deixando com que o meu coração tome as rédeas da situação. Esse sadomasoquismo é constante, mesmo a minha razão dentro da sua mais pura sabedoria, vir humildemente avisar-me que irei sofrer mais uma vez.

E assim, eu acabo aceitando-te novamente e abro mais uma vez as portas bambas do meu amor, que ainda nem sequer reergueram-se depois do último vendaval criado pela sua partida. Nesse contexto, percebo que os meus valores foram postos em seu poder, e você, indiferente, demonstra toda a sua total ausência de sentimentos.

Completamente em pedaços, pouco importa-me as maldades e destratos que sofri em suas mãos, o que interessa mesmo é tentar te esquecer. Assim, chego a suplicar que apague de uma vez por todas, o meu rosto das suas lembranças. Essas recordações ainda continuarão fazendo parte da minha vida, e as lágrimas terão o mesmo gosto que tinham quando rolaram em meu rosto pela primeira vez.

Neste período de completa ausência sua, eu consigo reaprender a viver e ressurgir das minhas próprias cinzas, tal qual a Fênix. Entretanto, percebo novamente você adentrar pela porta e, de forma complacente, deixo-te ficar outra vez. A normativa da história que se repete, exibe no palco triste do teatro da minha vida, a epopéia de um relacionamento vil em sua essência.

Não tarda, estou imerso novamente em minhas próprias lembranças, sentido o gosto amargo da mais pura solidão. E neste momento, só importa-me o que realmente você me fez, espero que agora, você acabe com todo esse sofrimento de uma só vez, e fuja para sempre da minha vida. 

Em delírios solitários, imagino outra vez uma fraterna conversa entre esses corações que ainda encontram-se unidos. Neste momento de confidências imaginárias, o seu coração sussurra mais uma vez para saber se ainda te amo. E eu, no alto da minha poesia e inocência sepulcral romântica, deixo-me levar outra vez pela voz do coração, e assim, admito mais uma vez amar-te com todas as minhas forças. Em súbita consciência repentina da razão, volto a lembrar dos momentos de solidão que você proporcionou-me, e peço-te mais uma vez – Não volte nunca mais para mim.



* Esse texto é uma homenagem singela a essa linda música.