Alguns poderiam dizer que é uma utopia lutar pelo processo de democratização das transmissões esportivas no país. Entretanto, o processo de democratização do Brasil também teve essa incerteza em relação ao futuro. A reflexão posta aqui chama a atenção para uma discussão mais incisiva em relação ao tema.
A caminhada é longa? Digamos que muito além do que podemos imaginar, pois nas entrelinhas dessas “articulações” existem um emaranhado de interesses, que vão desde uma simples retribuição de favores até um complexo “xadrez” político.
As grandes mídias manobram e conduzem o esporte brasileiro de forma explicita e danosa, e arrastam cada vez mais para o capitalismo famigerado esportes com estruturas amadoras, que ficam a mercê de empresários mercenários, que tal qual vampiros, sugam as últimas gotas de “sangue verde” gerado pelo esporte nacional.
Estreitando esse contexto, podemos direcionar as nossas discussões para a falta de transmissão esportiva no Maranhão. Não sendo injusto, temos que glorificar as transmissões realizadas pelas Emissoras de Rádio, que de forma capenga ainda se equilibram, mesmo que com bastantes dificuldades nos estádios de futebol e ginásios esportivos.
Por diversas vezes tentaram ludibriar a sociedade maranhense com a transmissão dos jogos de futebol pela televisão. Entretanto, essa prática teve um fundo político. A emissora em questão, não lutava para que o esporte maranhense melhorasse ou tivesse maior visibilidade, mas tentava
mostrar através das transmissões o esvaziamento dos estádios de futebol do Maranhão. Com isso, buscou chamar a atenção para a ingerência do esporte maranhense como um todo. O fato dava-se pelo governo não ser alinhado à linha editorial da emissora. Perguntamos; por que a dita emissora não proporciona novamente as transmissões esportivas do estado? Porque não mostra a falta de incentivo que os órgãos públicos dão ao desporto maranhense?
Podemos citar um fato concreto que faz uma reflexão para a mídia local e nacional: a Liga de Basquete Feminino vem acontecendo desde o final de 2011, e o Maranhão Basquete vem mostrando que o maranhense é apaixonado por esportes, sempre lotando e apoiando um time que todos sabem, não chegará às finais da competição, não por falta de talento, mas por falta de tempo para aprimorar jogadas e táticas. A crítica nasce da seguinte reflexão: quantas vezes o recorde de público no ginásio maranhense foi notícia na mídia nacional? Quantas vezes o esporte nordestino, salve Pernambuco e Bahia, ganhou destaque positivo na mídia nacional? Há incentivo do esporte no Brasil? Se há, por que a Liga Feminina de Basquete ainda não teve uma transmissão ao vivo na mídia aberta do país?
São várias questões e muitas celeumas que compõem um balaio cada vez mais complexo e articulado, que tem como finalidade chupar o “sangue verde” do esporte nacional. Uma reflexão que iremos propor nesse canal diz respeito ao esporte maranhense. Caso o futebol maranhense fosse coeso e organizado, e dele emanasse a vontade do povo, em ter um campeonato forte e com
times competitivos, será que o maranhense daria mais valor para o futebol do eixo Rio-São Paulo? Flamengo e Vasco teriam uma torcida maior que Moto e Sampaio?
Essa reflexão é posta com bastante propriedade se quisermos um dia ver o futebol maranhense sendo forte e tendo visão nacional. Cabe-nos encerrar esse texto parabenizando os profissionais do Rádio, que ainda são guerreiros e conseguem de forma milagrosa, trabalharem num meio poluído por traças que destroçam o esporte maranhense como um todo. Ao querido Biguá, deixo
o reconhecimento de ter podido assistir pela televisão a inúmeras atividades do desporto amadormaranhense, que mesmo com bastantes dificuldades fazia a alegria de muitos amantes do esporte nas manhãs de sábado da década de 90.